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terça-feira, 26 de julho de 2011

A política que estraga o rádio: A função social do rádio-jornalismo foi perdida?

-Greice Targino-
(*Estava em negociação com duas rádios e iria trabalhar obviamente  na que melhor fizesse uma proposta de emprego, quando este artigo foi publicado em um site, como punição por causa das críticas e repercussão social, mas, funcionários amigos me disseram que fui boicotada nas duas rádios e perdi a vaga que estavam sendo negociadas comigo naquelas emissoras de  Guarabira, pois seus donos temiam que eu expressasse demais os meus pensamentos políticos que não contribuíssem  com os interesses dos grupos em questão, mas me orgulho por poder esclarecer a população de algum modo sobre a atividade do rádio-jornalismo que manipula as mentes...Como futura historiadora, não permito que calem meu pensamento, esteja onde estiver!)

                                                    

Estando há muitos anos envolvida em rádio por ter trabalhado ou prestado serviço como locutora em algumas das principais rádios de minha cidade (Guarabira-PB), como historiadora e observante do comportamento e transformações sociais, é impossível não ter analisado a atividade do rádio ( e não apenas de determinada rádio) e do jornalismo não só em Guarabira, mas no Estado da Paraiba.

Vejo que muitas vezes, o povo simples é lesado,não conhece o jogo político por trás da relação entre jornalistas do rádio e alguns políticos que deturpam as notícias e as compreensões conforme seus interesses: manipulam a verdades. E o povo? O povo não tem oportunidade de pensar livremente, simplesmente,ACREDITA em tudo!

O rádio tem um caráter educativo, o entretenimento, a informação, mas percebo também que o rádio em nossa região apresenta uma característica que vai além do que deveria ser: a crítica isenta de ideologia partidária, a transformação de notícias em discursos que sirvam a grupos políticos, e neste caso, refiro-me ao exercício de alguns jornalistas. Sei que todos temos identidade e o direito a opções, mas em nossa região e em outras, as rádios estão vinculadas a grupos políticos que detém a sua concessão. Deste modo, tais grupos tem em mãos um instrumento de comunicação muito poderoso, o rádio, que com outros meios de comunicação representam “O Quarto Poder”. A relação destes grupos políticos com o rádio é bem percebida no jornalismo.

Em Guarabira, por exemplo, você liga o rádio em uma frequência, e percebe que a linha editorial do Jornal é que são poucas as notícias gerais, mas, a veiculação de matérias contra os políticos do grupo opositor ao dos donos das rádios é o que se veicula por mais tempo, aliás, veicula-se no jornal quase todo, e os apresentadores destes jornais em seguida emitem suas opiniões, sempre tentando fazer o povo ficar contra o adversário, é um eterno gládio entre os grupos políticos por meio das rádios as quais são proprietários. Na rádio do grupo adversário, ocorre o mesmo.Quando essa briga política vai acabar nas rádios de Guarabira? O palanque político parece que continua armado nas rádios de Guarabira e em outras rádios da região com tal perfil (ideologia e ligação político partidária explícita), mesmo depois do período eleitoral.

Os meios de comunicação tem um papel importantíssimo no debate de ideias e formação da opinião pública. Deveriam estar compromissados com o combate às desigualdades sociais e salvaguardar os princípios democráticos, o direito a expressão livre, a defesa do cidadão e não apenas dos interesses do grupo político ao qual se vincula. Mas, estando compromissados com os interesses de grupos políticos, os meios de comunicação, e no caso, o rádio não exercem sua função social de modo livre e pleno, sendo assim, qualquer meio de comunicação utiliza o poder de persuadir-nos a pensar o que querem e do modo que determinado grupo político pensa. O rádio descompromissado com a sociedade passou a ser instrumento de manipulação de massas e nele, há muitos palanques políticos armados, algumas VERDADES expressas e outras ‘ ‘verdades’’ fabricadas ou deturpadas em defesa de seus donos, por meio do espaço jornalístico destas emissoras.


Qual a credibilidade de um jornalista que deixa a ética-profissional e permite-se ser subordinado pelos interesses de terceiros ? Onde está a sua imparcialidade e neutralidade ? A sociedade não sabe que esse tipo de jornalista, não a defende verdadeiramente e sim, defende um grupo, uma Elite. A sociedade não sabe também que esse tipo de jornalista só a defende, se o que essa sociedade tem a dizer estiver de acordo com os interesses políticos do grupo que detém a concessão da rádio, ainda mais se o que os cidadãos tem a dizer puder contribuir para o descrédito da imagem do grupo político opositor, o que atenderia ao jogo que está por trás da disputa por hegemonia. A sociedade não sabe que muitos jornalistas não passam de meros emissores de ideologias de determinado bloco partidário.


Compreendo sim que estes ‘’jornalistas ‘’estão trabalhando por seus salários, o que é digno, mas, não é digna a atuação destes profissionais que não passam de ladrões da opinião pública, banalizando seus ofícios, desonrando a imagem do verdadeiro profissional do rádio e do jornalismo.
O cidadão que não conhece completamente a conjuntura interna do rádio-jornalismo, não sabe que o compromisso destes meios de comunicação e de alguns profissionais não é com a defesa social ou com a luta contra as desigualdades, a denúncia do mal exercício da atividade político-administrativa e sim, com as alianças feitas entre determinado meio de comunicação e o bloco político ao qual ela pertence. Rádio não deveria nascer a partir de concessões cedidas a políticos. Isso é corrupto e certamente, atenderá a elites políticias, o que certamente posso associar a uma nova face da prática coronelística, já que a disputa pelo poder político se fortalece a partir do serviço que o rádio tem prestado a estes grupos quando hábeis jornalistas defendem muitas vezes políticos corruptos em seus discursos radiofônicos e até em outros meios de comunicação, conferindo a estes políticos o apoio de cidadãos simples, que não dispondo de uma base crítica e intelectual mais favorável, acaba sendo influenciado por verdades fabricadas, verdades com ‘v ‘ minúsculo.


No Brasil, muitas vezes, o político corrupto de ontem, de repente é tornado herói, já que alguns jornalistas influentes contribuem para que o povo seja enganado novamente. E não é só o povo simples não. Muitas vezes, a alta sociedade também se deixa levar pela influencia de certos profissionais da imprensa. E o povo que precisa de educação, saúde, liberdade política, independência econômica, ações governamentais efetivas a seu favor, termina tomando por verdades tais opiniões destes jornalistas vendidos que, descompromissados com a sociedade e a função social do rádio, defendem idéias partidárias que exaltam facções políticas igualmente descompromissadas com o povo e compromissadas apenas com seus gordos salários e muitas vezes com ações de desfalque ao dinheiro público ; políticos, meios de comunicação e jornalistas que em suas alianças e seu jogo de interesses, não mudam o país, o Estado, a cidade, a vida dos cidadãos. A maioria destes, estão compromissados sim, mas com a mudança de vida deles próprios.


E o povo... Continua ouvindo promessas e defesas nem sempre realizáveis e justas... O povo continua dando-lhes audiência, pensando que o que dizem é verdade. Nem todos os cidadãos conseguem perceber a articulação interna do rádio-político, e deste modo, recebe informações e opiniões manipuladas pela vontade do grupo. O rádio-jornalismo deveria mediar e cobrar os relatos dos governantes em respostas a questões do povo por eles governados.

Quando o rádio-jornalismo for independente, o povo terá o seu espaço de expressão, bem como a possibilidade de pensar o mundo e o social a partir de sí mesmo e não por ideologias que se espalham sutilmente através da força e influência que o rádio tem pois o rádio pertence ao "Quarto Poder": a comunicação, que influencia e até pode formar a opinião pública. Utilizemos este “Quarto Poder” de modo responsável, profissionalmente ético e compromissado com a sociedade, a democracia, a liberdade e a cidadania. Se parece utopia, caros jornalistas e radialistas, reflitam seus papéis e seus atos neste mundo. Se seu exercício não é digno de credibilidade, se é corrompido por alianças, posso dizer que isto envergonha os meios de comunicação, o que implica dizer também que envergonha a mim e a outros radialistas e trabalhadores dos diversos meios de comunicação existentes neste país.

Maria das Graças Dias Targino. (* Greice Targino)

( Radialista: Reg. Prof. nº 2.670-D.R.T.-PB e acadêmica de História-U.E.P.B. C. III)




                      (*Minhas poesias e pensamentos no site: www.gctargino.blogspot.com )

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