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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

“O poeta-taxista” de Dona Inês-PB: O Cordelista que os paulistanos conheceram nos jornais e revistas nacionais.


(Texto de: Greice Targino)

A poesia de cordel, versos simples que traduzem a alma de um povo cheio de cantos, contos, encantos, graças e gracejos...
O cordel especialmente no Nordeste canta e conta valores de um povo forte, os romances e os atos heróicos de tantos personagens que fazem parte da história ou do imaginário popular... Cordel que reflete os anseios populares, criticam a sociedade ou reforçam costumes, cultura... Cordel, a Arte das palavras simples, mas, nem sempre é feito apenas pelos simples de intelecto, e sim, vemos muitos cultos a expressarem seu talento e estilo de escrita cordelista pelo Brasil a fora.
Conheci Varnecí Santos, rapaz inteligente que passei a admirar vendo-o e ouvindo-o nos corredores aqui da U.E.P.B. ou nos eventos da nossa Universidade, hoje, depois de sua graduação em letras, ele tem se destacado no Sul do País, palestrando para professores, mestres, doutores e alunos das escolas e universidades brasileiras em eventos, congressos ou ministrando aulas nestes espaços. Conheci também um cordelista do qual não lembro o nome, na época eu era bem moçoila, e naquele tempo, jamais pensei que iria me interessar por aquele tipo de “arte” contada nos livrinhos dos cordéis do Juazeiro do Norte (Ceará), pois, eu não gostava também de ouvir aquela voz alta e carregada de sotaque a contar e cantar versos de seus cordéis diante daquele amontoado de gente, gente  da qual o “repentista-cordelista” sempre esperava alguns trocados, já que naquela região estas duas artes são muitas vezes o ganha-pão de muita gente.
O tempo foi passando, conheci outros nomes do cordel, fui culturalmente absorvendo muitos saberes e valores, até perceber que valorizava muitísimo a elementos culturais estrangeiros, pois a mídia parecia valorizá-los demais como se fossem superiores, colocando na nossa cabeça conceitos de hiper-valorização de elementos europeus e norte-americanos, elementos culturais dos outros, valorizados pelo poder financeiro de suas regiões de origem, e por tal vantagem econômica, estas culturas influenciam a nossa cultura sem que reflitamos como isso acontece...
Parece ser tão natural, mas não é! Essa supervalorização cultural do estrangeiro tem base em um sistema econômico poderoso que alimenta a mídia e assim, vestimos, assistimos, ouvimos, lemos, bebemos e comemos das marcas, músicas, produtos, cultura e tudo mais que venha deste sistema... Parece que tudo de lá é “mais chique, mais culto, mais fino, mais caro...mais..mais...”
 Na verdade, tudo isso não passa de uma outra cultura, uma cultura distante, diferente da nossa raiz, diferente de nós, mas, infelizmente, a mídia faz com que pareça natural e naturalmente, estas culturas entram em nossas vidas como se fossem nossas, isto sem que saibamos, acaba dando poder à aquelas culturas propagadas entre nós...
Outro dia, estava eu em meu local de trabalho e vejo um homem entrar. Alguém gentil, com um sorriso franco e acolhedor, um homem com uma história, a história de um taxista, militante cultural, militante político, atuante no rádio, um escritor, mas, também um homem com a história de um cordelista! E descobri que ele destacou-se em São Paulo justamente por ser  “um poeta-taxista”, nomenclatura dada pelos jornalistas paulistanos a este cordelista paraibano...
Li alguns de seus cordéis, e como historiadora, fiquei encantada ao ver a história de tantas figuras do cenário nacional e internacional ali em versos: As vítimas da ditadura militar, Carlos La Marca, Zumbi dos Palmares, Florestan Fernandes, Lula e tantos outros nomes, tantas histórias reais e fictícias a revelarem-se em versos de cordel...
Este homem é paraibano, mas teve que morar Em São Paulo por alguns anos para garantir sua sobrevivência e ali, teve a oportunidade de aumentar o leque de seus conhecimentos, ampliar os horizontes da mente e os contatos pessoais, e foi neste caldeirão cultural que este paraibano destacou-se, veio a ser o primeiro cordelista no “Cyberspace”, ou seja, o primeiro cordelista da internet... Em 1993, esteve com Luis Inácio “Lula” da Silva e recebeu autógrafo do petista na contra-capa do cordel de sua autoria : “Lula, sua vida, sua luta”.  Um cordel sobre a vida daquele que na época ainda lutava em campanhas políticas para ser presidente do Brasil. Ainda sobre nosso misterioso cordelista, não poderia deixar de informar que seu nome esteve também nos principais jornais e revistas de São Paulo e do país em matérias sobre o cordel: Folha de São Paulo, Jornal da Tarde, Revista Veja,  e em âmbito internacional, além da internet, foi destaque também na Itália no “Le Storie”, além de ter seus cordéis como temática proposta para estudos sobre o Nordeste para as salas de aula do país, por indicação da revista “Chamada à escola”,além de ter suas obras editadas pela UFSC  (Universidade federal de São Carlos).
                                         (José Pessoa de Araújo- Cordelista e taxista)

É este“o poeta-taxista”, que orgulha-nos com tantas menções jornalísticas ao seu nome e ao seu cordel no Brasil e no mundo... Para falar a verdade, todas as menções nos Jornais paulistanos a este cordelista, bem como os locais onde ele esteve a lançar seus cordéis (Como por exemplo a USP), não foram citados aqui nesta página, é um homem com um currículo invejável! Estou Falando de um homem que com seu jeito humilde e acolhedor, um jeito aparentemente simples que veio revelar-se  culto e gentil, levemente extrovertido, um cordelista natural da Cidade de Dona Inês, paraibano e brasileiro, um nordestino como tantos outros, mas com a cultura e o intelecto como diferencial a destacar-se na mídia escrita nacional. Estou falando de José Pessoa de Araújo, cordelista, taxista, escritor e muito mais... Um contador de histórias fictícias e reais, bem aqui, bem ali, bem aí próximo de nós...

     Greice Targino. (Colaboradora).

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